Hoje é dia da nossa LIDDICA, falaremos por aqui sobre uma das maiores autoras do nosso País e certamente você já ouviu falar sobre ela: Carolina Maria de Jesus.
Nascida em 14 de março de 1914 na cidade mineira de Sacramento, passado pouco tempo desde o fim da escravização, Carolina tornou-se conhecida a partir da década de 60. No final da década de 1950, o jornalista Audálio Dantas cruzou o caminho de Carolina Maria de Jesus na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo. Depois de um breve diálogo, ele descobriu que ela, que passava a maior parte do tempo como catadora de papel e criava sozinha três filhos pequenos, era autora de inúmeros diários. Dantas realizou uma edição dos cadernos que se transformaram no livro “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, publicado em 1960.
Desde a publicação, o livro vendeu milhões de exemplares. Apresentando trechos dos diários escritos por Carolina entre 1955 e 1960, essas páginas revelam versos sobre o seu cotidiano nascidos em meio aos encontros com a fome e dores da maternidade solo, bem como os sonhos e anseios de Carolina. Com a repercussão da estreia, o título foi traduzido para mais de quinze idiomas. O sucesso de vendas possibilitou sua saída da favela do Canindé e a hostilidade dos moradores daquela comunidade, que se sentiram expostos na obra então recém-lançada.
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Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus
Com o segundo livro, Casa de alvenaria, que trazia o subtítulo “diário de uma ex-favelada”, Carolina voltou, contudo, à exclusão. Os leitores da época interessavam-se mais pela escrita de Carolina quando se remetia à fome e ao desamparo. Autora ainda de Provérbios e Pedaços da fome, de 1963. Sua última obra, Diário de Bitita: um Brasil para brasileiros, seria publicada primeiro na França pela Éditions Métailié, com o título de Journal de Bitita, e no Brasil em 1986. Carolina Maria de Jesus morreu em 13 de fevereiro de 1977, e segue imortal através da sua memória celebrada por milhares de leitores atualmente.
A LIDDICA de hoje é a exposição “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”, a nova exposição do Museu de Arte do Rio, MAR, em parceria com o Instituto Moreira Salles, responsável desde 2016 pelo acervo da autora. Inaugurada no último dia 24 de Junho, a mostra apresenta a trajetória da artista que ultrapassou a margem para se tornar uma das escritoras mais importantes do nosso País. “Carolina tornou-se um símbolo de resistência para os movimentos negros contemporâneos, referência para vertentes do feminismo negro, para a literatura de autoria negra e periférica”, afirma a curadoria. Com fotografias, manuscritos, vídeos e material documental, além de diversas obras de arte contemporânea que dialogam com a vida e obra de Carolina, a mostra é uma super oportunidade de celebrar seu legado e reforçar a importância do seu trabalho que denuncia a realidade de muitos brasileiros.
Com curadoria do antropólogo Helio Menezes, da historiadora Raquel Barreto e do assistente de curadoria Phelipe Rezende, a exposição, que vai ocupar duas salas do pavilhão do museu, está aberta até dia 26 de novembro com funcionamento de terça a domingo, de 11h a 18h. Vale a pena ir e conhecer mais sobre esse importante nome da nossa literatura brasileira!
Referência: Instituto Moreira Salles: Coleção Carolina Maria de Jesus. Disponível em: https://ims.com.br/titular-colecao/carolina-maria-de-jesus/ Acesso em 07 de jul. 2023
Hellen Freitas
Graduanda em Psicologia (IP/UFRJ) e Bolsista do Laboratório de Identidades Digitais e Diversidade.