Ontem (21) ocorreu a primeira reunião do nosso grupo de estudo neste semestre. Iniciando mais uma temporada dos nossos encontros semanais, a nossa líder, Fernanda Carrera, apresentou o texto “Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela”, de Leda Maria Martins.
Para a autora, o conceito de tempo espiralar rompe com a linearidade ocidental, propondo uma compreensão do tempo como movimento circular, onde passado, presente e futuro se entrelaçam em interseção com a cultura e a memória negra. Nesse sentido, a performance do corpo negro se torna um lugar de reinscrição desta memória, possibilitando que histórias silenciadas ecoem e sejam reconfiguradas de maneira contínua e reparadora. Como trazido por Carrera, tal conceito se relaciona, também, com a lógica das memórias subterrâneas,proposta pelo pesquisador Pierre Nora, que apresenta a ideia de que a memória está sujeita a seletividade do indivíduo, impactando diretamente na interpretação de suas experiências.
A partir desta leitura, tivemos uma troca super rica sobre diversos temas, como o conceito de fabulação crítica e, também, de como as práticas artísticas afro-brasileiras — atravessadas pela oralidade, pela sensibilidade, pela corporeidade e pela ancestralidade — desafiam as formas hegemônicas de pensar o tempo e o corpo. Dentre alguns exemplos, destacamos o trabalho de Mayara Ferrão, artista visual que utiliza da inteligência artificial para reescrever memórias, corpos e afetos que foram invisibilizados devido às diversas camadas de violência que atravessaram (e ainda atravessam) a comunidade negra.
Esta leitura, assim como todas que compartilhamos no LIDD, é, sobretudo, um convite ao pensar crítico sobre de quais formas os corpos estão sempre em performance e como podemos fazer a encruzilhada – outro conceito colocado por Leila Maria Martins neste texto – como um espaço de potência em nossas histórias.
E aí, gostou dessa resenha? Então fica de olho que semana que vem tem muito mais!