No último encontro do ano (13/11), o LIDD se reuniu para a leitura da introdução da tese de Nathália Basil, doutoranda do PPGCOM/UFF e membro do nosso grupo de estudos.
Fechando com chave de ouro o semestre em que falamos sobre cultura negra, tempo, memória e performance, o material apresentado por Nathália discute o papel dos discursos, sobretudo os da mídia hegemônica, a respeito das narrativas sobre violência racial. Contribui para refletir acerca da reação pública, que depende tanto do conteúdo quanto dos sujeitos envolvidos nos episódios brutais.
O texto tem como ponto de partida a repercursão dos casos de sujeitos negros assassinados de maneira brutal por agentes estatais — João Alberto Farias, no Brasil, e Lorenz A., na Alemanha. Nesse sentido, os diferentes contextos socioculturais e políticos específicos de cada país moldam as reações públicas e, por sua vez, os discursos midiáticos. Com relação aos países atravessados pela colonialidade, a violência contra corpos negros é autorizada discursiva e factualmente, desvelando conceitos como necropolítica (Achille Mbembe) e dispositivo de racialidade (Sueli Carneiro).
Tendo em vista que nem toda narrativa de violência gera impacto, o trabalho propôe pensar a internet e as mídias sociais como espaço de intervenção, disputa por memória e resistência. Para tanto, aposta na análise do discurso, na “cartografia das controvérsias” (Latour) e na escuta de pessoas negras sobre os casos de João e Lorenz, à guisa de investigar a percepção das narrativas de violência racial contemporânea.
A apresentação de Nathália encerra um ciclo de estudos no qual refletimos sobre as formas e intenções de materializar a memória dos sujeitos racializados. Mais do que apenas lembrar, a memória social visa contestar narrativas “hegemônicas” e servir como combustível para comunicar e manter vivas existências, corpos e identidades.
Desejamos uma ótima escrita de tese para Nathália🩷📚Voltamos no próximo ano com mais encontros deliciosos e resenhas!